quinta-feira, 26 de maio de 2011

Ex-secretário de Saúde de Londrina diz que institutos “apareceram de repente”

JORNAL DE LONDRINA, 26 de maio de 2011

Agajan Der Bedrossian ocupava a pasta quando os institutos Atlântico e Gálatas foram contratados pela Prefeitura. Em entrevista, ele disse que não desconfiava de irregularidades nos contratos. Secretário de Gestão Marco Cito também prestou depoimento


O secretário municipal de Gestão Pública, Marco Cito, chegou, por volta das 15h50 desta quinta-feira (26), no prédio do Ministério Público de Londrina para prestar depoimento aos promotores e o delegado Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na Operação Antissepsia. Cito é o quinto integrante do primeiro escalão da administração municipal a ser convocado pelo MP.

Na ata da reunião do Conselho Municipal de Saúde, que definiu a escolha dos institutos Gálatas e Atlântico, suspeitos de desviarem recursos públicos da saúde, o então secretário Agajan der Bedrossian disse que a definição sobre as entidades para os serviços de saúde partiria diretamente da Secretaria de Gestão Pública.

Já o secretário Marco Cito disse que submeter a decisão ao conselho foi uma forma democrática que o ex-secretário encontrou. E como era um contrato emergencial, a definição final seria da própria Secretaria de Saúde.

Em entrevista coletiva, o ex-secretário de Saúde, Agajan Der Bedrossian, disse que defendia a contratação da HUTec e da Santa Casa para prestar os serviços para os quais foram contratados Gálatas e Atlântico. Segundo ele, a administração municipal informou que “não seria viável” contratar Santa Casa e HUTec. “Não convidei nenhum instituto, eles apareceram de repente”, completou Agajan. O ex-secretário negou “influências” ou “ingerência externa” na sua gestão na Secretaria de Saúde.

O ex-secretário de Saúde confirmou que quando ele voltou depois de alguns dias de folga, em janeiro, três diretores indicados por ele para a Secretaria estavam exonerados. Segundo ele, as exonerações foram assinadas pela atual secretária de Saúde, Ana Olympia, que exerceu o cargo nos seus dias de folga. “A minha equipe era de confiança e foi mudada por quem ficou no cargo me substituindo”, declarou.

Agajan não afirmou se houve algum tipo de interferência externa à Secretaria no episódio da exoneração dos seus três diretores. Ele disse nunca ter “desconfiado de alguma irregularidade” nos contratos.

Depoimento - Pela manhã, quem prestou depoimento foi o secretário de Planejamento Fábio Goes. Ele foi convocado pelos promotores para falar sobre o período em que foi chefe de gabinete da Prefeitura de Londrina, antes de voltar para a Secretaria de Planejamento. Aos jornalistas, os promotores disseram que o secretário informou não ter presenciado problemas e que todos os contratos da prefeitura eram sempre tratados no gabinete pelo vice-prefeito José Ribeiro.

Duas pessoas continuam foragidas - Além do publicitário Ruy Nogueira, que continua foragido, Ricardo Ramirez, que era ligado ao instituto Atlântico, também é considerado foragido. Ele teve a prisão temporária decretada na quarta-feira (25).
Com Ramirez, chega a 23 o número de pessoas que já tiveram a prisão decretada desde a deflagração da Operação Antissepsia, no dia 10 deste mês.

A operação
A Operação Antissepsia foi deflagrada em 10 maio depois de o Ministério Público receber denúncias de um suposto esquema de desvio de recursos da área da saúde envolvendo os institutos Atlântico e Gálatas. O ex-procurador Geral do Município Fidélis Canguçu e mais 14 pessoas foram presas. Canguçu foi exonerado do cargo depois do anúncio da prisão. Quatro dos presos foram liberados no mesmo dia após fazer acordo.

Foram apreendidos R$ 20 mil em dinheiro com Canguçu, além de três armas e diversos documentos na Procuradoria, no prédio da Prefeitura e nos institutos. Ao todo, 30 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Londrina, Cambé, Arapongas, Bela Vista do Paraíso e Jataizinho.

A investigação começou há quatro meses, por conta de denúncias de empresários que teriam sido procurados para dar notas fiscais frias para justificar serviços prestados pelas Oscips.

O papel de Fidélis Canguçu no esquema seria o de fazer a abordagem aos institutos para cobrar a propina. A moeda de troca para receber a propina seria a liberação dos pagamentos dos valores pelos serviços prestados. Um dos institutos teria pago em torno de R$ 120 mil de propina a Canguçu.



"Eu não apresentei nenhuma empresa", diz Marco Cito
BONDE,
26 de maio de 2011

Secretário de Gestão Pública vai ao Gaeco prestar depoimento e diz que chegou a pedir para que a Santa Casa assumisse o serviço em Londrina


O Secretário Municipal de Gestão Pública, Marco Cito, negou que tenha referendado o nome de algum instituto para exploração dos serviços de saúde básica em Londrina. Ele prestou depoimento por mais de uma hora na tarde desta quinta-feira (26), ao delegado do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Alan Flore.

Ao deixar o local, Cito concedeu uma longa entrevista coletiva e explicou como foram as contratações dos institutos Gálatas e Atlântico. As oscips são acusadas de desvio de recursos e pagamento de propina para agentes públicos. 21 pessoas foram presas na Operação Antissepsia.

O nome de Cito foi citado pelo vice-presidente da Associação Médica de Londrina, José Carlos Camargo, que também é membro do Conselho Municipal de Saúde. O médico acusou o secretário de ter indicado o Instituto Atlântico. "Eu não apresentei nenhuma empresa. Se a gente fosse contratar a equipe mais barata seria a Beija Flor, que eu sabia que era de propriedade do Juan Monastério. Nem sequer cogitamos a hipótese", disse. No entanto, ele enfatizou que no processo foram pedidas empresas de Londrina. "Houve, justamente, para que fossem duas de Londrina. Eu, pessoalmente, tive uma reunião com as escolha das empresas. Foi junto com o Ribeiro (vice-prefeito), com o Lindomar (ex-secretário de Fazenda) e doutor Faad (superintendente Irmandade Santa Casa). Foi quando eu pedi, pessoalmente, para que a Santa Casa assumisse", afirmou.

A Santa Casa e o HU Tec não foram escolhidos pelo alto preço no certame.

O secretário confirmou que teve uma conversa com o ex-procurador Fidélis Canguçu, preso na operação, sobre o pagamento aos institutos. "Quando nós estávamos chegando na quarta parcela, eu tive uma conversa verbal com ele no gabinete, esperando uma reunião, falando que nós não iríamos pagar a quarta também. Ele (Fidélis) falou naquele momento que tínhamos que pagar, porque daria uma insegurança jurídica e o instituto poderia reclamar depois que o município não estaria fazendo a sua parte", comentou. Marco Cito não questionou por "não ser a área dele", embora seja advogado também.

Marco Cito afirmou que teve um contato informal com publicitário Ruy Nogueira, foragido da Justiça, e que teria prestado serviços para o Instituto Atlântico. "Ele mandou e-mail para todas os secretarias da prefeitura. Eu devolvi o e-mail dizendo que: que você tenha sucesso na sua demanda judicial", comentou.

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