O GLOBO, 20 de abril de 2011
Enquanto o PT prepara a volta do ex-tesoureiro Delúbio Soares ao partido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou ontem sua vida partidária ao lado dos principais nomes envolvidos no escândalo do mensalão. Lula participou de uma reunião com dezenas de prefeitos, vices e parlamentares paulistas, ao lado do deputado João Paulo Cunha, um dos acusados no mensalão, e do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, processado no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção ativa e formação de quadrilha. A reunião, realizada num hotel em Osasco, na Grande São Paulo, foi organizada pelo PT paulista para dar início à campanha da sucessão municipal, no próximo ano.
Lula defendeu que as candidaturas busquem ampliar ao máximo as alianças com outros partidos, encontrando "um Alencar" em cada município, nua referência ao ex-vice-presidente José Alencar, que morreu no mês passado. Já José Dirceu falou das "turbulências internacionais". Ele destacou que o governo brasileiro pode atravessar problemas, mas que estaria em posição melhor do que outros países desenvolvidos.
João Paulo Cunha participou da mesa de abertura do encontro ao lado de Lula, como representante dos deputados federais e como ex-prefeito de Osasco. Dirceu assistiu à exposição do ex-presidente na primeira fila.
Lula recomendou aos petistas que busquem uma ampla política de alianças. Depois da saída do ex-presidente, Dirceu foi a estrela da segunda mesa de debates, quando falou da crise internacional, citando a Inglaterra, e afirmando que os Estados Unidos estão "escondendo" sua inflação. O evento foi fechado à imprensa, e os jornalistas foram levados para o solário do hotel, com música alta para não ouvirem as conversa das lideranças petistas. Apesar do tom de sigilo, a reunião contou com mais de 30 prefeitos, dezenas de vices e mais de 20 deputados, além do senador Eduardo Suplicy e do ex-ministro Luiz Dulci.
Segundo o presidente em exercício do PT, deputado Rui Falcão, uma boa parte do encontro foi dedicada à sucessão municipal de São Paulo. Os petistas consideram a hipótese de que o principal adversário seja o ex-governador tucano e candidato derrotado à Presidência José Serra, numa eventual aliança entre o PSDB e o PSD, novo partido do prefeito Gilberto Kassab.
Falcão disse que o PT não esperará a decisão do ex-governador sobre disputar a prefeitura:
- Até porque ele decide na última hora, como fez com a Presidência em 2010.
O presidente estadual do PT, deputado Edinho Silva, afirmou que outra estratégia das eleições será disputar com o PSDB o apoio da nova classe média, que já é cobiçada pelos tucanos, conforme defendeu em polêmico artigo o ex-presidente Fernando Henrique na semana passada.
Enquanto o PT prepara a volta do ex-tesoureiro Delúbio Soares ao partido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou ontem sua vida partidária ao lado dos principais nomes envolvidos no escândalo do mensalão. Lula participou de uma reunião com dezenas de prefeitos, vices e parlamentares paulistas, ao lado do deputado João Paulo Cunha, um dos acusados no mensalão, e do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, processado no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção ativa e formação de quadrilha. A reunião, realizada num hotel em Osasco, na Grande São Paulo, foi organizada pelo PT paulista para dar início à campanha da sucessão municipal, no próximo ano.
Lula defendeu que as candidaturas busquem ampliar ao máximo as alianças com outros partidos, encontrando "um Alencar" em cada município, nua referência ao ex-vice-presidente José Alencar, que morreu no mês passado. Já José Dirceu falou das "turbulências internacionais". Ele destacou que o governo brasileiro pode atravessar problemas, mas que estaria em posição melhor do que outros países desenvolvidos.
João Paulo Cunha participou da mesa de abertura do encontro ao lado de Lula, como representante dos deputados federais e como ex-prefeito de Osasco. Dirceu assistiu à exposição do ex-presidente na primeira fila.
Lula recomendou aos petistas que busquem uma ampla política de alianças. Depois da saída do ex-presidente, Dirceu foi a estrela da segunda mesa de debates, quando falou da crise internacional, citando a Inglaterra, e afirmando que os Estados Unidos estão "escondendo" sua inflação. O evento foi fechado à imprensa, e os jornalistas foram levados para o solário do hotel, com música alta para não ouvirem as conversa das lideranças petistas. Apesar do tom de sigilo, a reunião contou com mais de 30 prefeitos, dezenas de vices e mais de 20 deputados, além do senador Eduardo Suplicy e do ex-ministro Luiz Dulci.
Segundo o presidente em exercício do PT, deputado Rui Falcão, uma boa parte do encontro foi dedicada à sucessão municipal de São Paulo. Os petistas consideram a hipótese de que o principal adversário seja o ex-governador tucano e candidato derrotado à Presidência José Serra, numa eventual aliança entre o PSDB e o PSD, novo partido do prefeito Gilberto Kassab.
Falcão disse que o PT não esperará a decisão do ex-governador sobre disputar a prefeitura:
- Até porque ele decide na última hora, como fez com a Presidência em 2010.
O presidente estadual do PT, deputado Edinho Silva, afirmou que outra estratégia das eleições será disputar com o PSDB o apoio da nova classe média, que já é cobiçada pelos tucanos, conforme defendeu em polêmico artigo o ex-presidente Fernando Henrique na semana passada.
Carros da prefeitura são
usados para atividade partidária
Uma festa de carros oficiais. Este foi o cenário flagrado pelo GLOBO ontem, na entrada da reunião dos 32 prefeitos do PT com o ex-presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu.
Pelo menos oito prefeitos e deputados chegaram em carros do poder público, alguns deles cometendo infrações de trânsito. O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, teve seu carro oficial estacionado na contramão, a uma quadra do hotel de Osasco onde ocorria o evento.
Abordado por repórteres do GLOBO, Marinho reagiu com palavrão e perguntou se deveria chegar ao local de bicicleta.
Ex-ministro do Trabalho de Lula, Marinho foi abordado pela reportagem durante o almoço de encerramento do encontro, quando foi perguntado se poderia falar sobre o assunto.
— Falar sobre o quê? Se for sobre essa putaria do GLOBO, essa de carro oficial, não. Falo sobre coisas sérias.
Marinho, no entanto, confirmou que usava o carro da prefeitura:
— Quer que eu venha de bicicleta? Eu sou prefeito. Ando de carro oficial e com segurança. Ou você quer que eu seja morto como o Celso Daniel? — ironizou ele, referindo-se ao ex-prefeito de Santo André assassinado em 2002.
O prefeito de Mauá, Oswaldo Dias, confirmou que usava o carro oficial no evento e disse que fazia uma atividade "política institucional". O prefeito de Amparo, Paulo Tunato Miota, informou, por meio da assessoria, que seguiria da reunião para uma agenda da prefeitura.
Entre os carros oficiais, havia pelo menos três da Assembleia Legislativa de São Paulo. O deputado Simão Pedro foi um dos poucos a chegar com o carro oficial até a entrada do hotel. A maioria deixou o veículo em ruas próximas.
Simão Pedro informou, por meio de sua assessoria, que pensou que o encontro, uma das suas quatro atividades externas de ontem, seria uma reunião de prefeitos e que se assustou ao ser fotografado saindo do carro. Para Jovita José Rosa, do comitê nacional do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, a questão é muito mais moral do que legal:
— Ainda que fosse legal, é imoral.
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