sexta-feira, 15 de abril de 2011

Parque do Ingá completa dois anos fechado sem previsão de reabertura

GAZETA MARINGÁ, 15 de abril de 2011

Um dos principais pontos turísticos do município permanece fechado para obras, após ser interditado por suspeita de morte de macacos por febre amarela


Há dois anos, a Prefeitura de Maringá anunciava o fechamento do Parque do Ingá, por causa da suspeita de que macacos estivessem contaminados com febre amarela. Mesmo com a constatação - feita três meses depois - de que não havia perigo para a saúde humana, o local permanece fechado para visitações, já que obras estão sendo feitas.

Desde 2009, foram divulgadas várias previsões para a reabertura do espaço. A última delas foi divulgada pelo próprio prefeito Silvio Barros (PP) em novembro do ano passado. Durante visita de vereadores e jornalistas ao parque, Barros havia anunciado que o local funcionaria nos fins de semana de janeiro, durante as férias escolares.

Segundo a assessoria de comunicação do município, a abertura não ocorreu naquele mês por causa das constantes chuvas que atrapalharam os trabalhos no local. Para o vereador de oposição Mário Verri (PT), a demora revela um descaso com a população.

“Durante a visita, nós percebemos que muita coisa era só projeto e que o parque não seria reaberto até janeiro. Ficou na promessa, assim como outros espaços de Maringá, como o ginásio Chico Neto e a Vila Olímpica. Obras que começam, mas não terminam. É uma preocupação, pois locais tradicionais não estão sendo utilizados pela comunidade”, afirmou.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura. Em nota, o município informou que parte do parque continua em obras e que não há nenhuma previsão para reabertura.

Canal de drenagem está sendo instalado no parque - Entre as obras que continuam sendo executadas está a construção de um emissário para contenção da erosão no interior do parque. O trabalho começou com atraso de vários meses por causa de um imbróglio com o projeto aprovado pelo Ministério das Cidades para instalar galerias de águas pluviais no entorno do Ingá. Como não contemplava a recuperação da pista, o município precisou reavaliar o projeto e pedir nova autorização da Caixa Econômica Federal, que só teria chegado em janeiro do ano passado.

Com custo estimado em R$ 1,8 milhão, o canal de drenagem está sendo implantado a céu aberto no próprio traçado da erosão. Para a obra, está sendo utilizado o sistema de gabião, (blocos de pedras revestidas por uma tela de arame galvanizado), que atuam como limitadores da velocidade da água das chuvas no interior do parque.

Segundo o secretário municipal de Controle Urbano e Obras Públicas (Seurb), Laércio Barbão, a obra vai causar uma considerável melhora na qualidade da água do lago.“O fundo drenante do emissário e esses blocos de pedra agem como filtros e permitem a infiltração no solo de parte da água escoada, evitando que a água oriunda de canalizações no entorno não seja mais lançada dentro do lago”, explicou em entrevista ao site da prefeitura.

O canal terá 1,4 mil metros de extensão, 1,80 metro de altura e 2 metros de largura. Depois da obra concluída, toda água que passar pelo parque seguirá para o córrego Moscados.

Entraves que atrasaram a obra - Além do imbróglio envolvendo o projeto para a instalação da galerias de águas pluviais, a prefeitura apontou outros fatores parao atraso na revitalização do Parque do Ingá, projeto que estava sendo estudado desde 2005.

Primeiramente, o município alega que houve a necessidade de revisar o Plano de Manejo, que não seria feito desde 1999 (apesar de a lei recomendar sua revisão há cada cinco anos). O trabalho feito por uma equipe de 80 profissionais - entre eles 30 doutores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) - foi concluído e entregue em novembro de 2007, mesmo ano em que o município contratou uma consultoria especializada para identificar atividades que poderiam tornar o parque autossustentável.

Com a morte dos macacos no início de 2009, houve a restrição de acesso do público no parque, seguindo determinação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Entre abril e julho daquele ano, foram realizados estudos para identificar as causas e possível transmissão para humanos. “Durante este período a prefeitura pretendia iniciar as obras, porém, por causa da insegurança sobre a causa das mortes preferiu não arriscar a saúde dos funcionários e terceirizados que estariam trabalhando no local”, destacou a nota da prefeitura.

Outro fator apontado é a solicitação feita ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) para a retirada dos animais do zoológico. A prefeitura aguarda a autorização já que as obras na área não podem começar até que todos os animais sejam removidos.

Parque do Ingá
O Parque do Ingá é uma unidade de conservação florestal de 47,3 hectares em plena na área central de Maringá.

Inaugurado em 22 de setembro de 1975, foi declarado área de preservação permanente como Parque Municipal em 1991. Antes de seu fechamento (em 2009), o parque era visitado em média por 3 mil pessoas ao dia nos finais de semana e em torno de 1,5 mil nos demais dias, considerando as áreas interna e externa.

Entre as atrações do local está um grande lago artificial, pista de caminhada com 3 quilômetros de extensão e o Jardim Imperial Japonês em homenagem ao Imperador Akihito e sua esposa Michico, que em 1978 visitaram Maringá.


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